quinta-feira, 26 de novembro de 2015

#meuamigosecreto

Era a fonoaudióloga do meu filho.

Gabriel tinha 6 anos e descobrimos que ele tinha DPAC (alteração do processamento auditivo).
Foi uma época muito difícil, pois ninguém o entendia.
E ele acabava chorando, gritando e se jogando no chão.

Ele era muito nervoso por não conseguir se expressar.
E mais irritado quando as crianças riam da cara dele.

O Gabriel fazia fono desde os 4 anos de idade.
Como não estava progredindo, resolvemos levá-lo para uma especialista em DPAC.
Entretanto, o Gabriel odiava ir para lá.
Voltava para casa sempre triste.
E chorava e fazia birra para não ir.
Era um caos, e eu resolvi tirá-lo

Na última consulta com a fono, fui conversar e informar que o Gabriel estaria saindo.
E esta informou que o meu filho era muito mal educado.
Sai da consulta arrasada.

Depois de alguns anos.
Em um dia como outro qualquer.
O Gabriel olhou para mim e disse: Sabe aquela fono que a tia me levava?
Eu: Sim.
Gabriel: Ela me batia.
Eu: Como?
Gabriel: Ela me batia e colocava eu na cadeira na força.
Eu: Porque você não me contou?
Gabriel: ela falou que eu não podia contar para ninguém.

Nos abraçamos e choramos muito. 
Fiquei com muita raiva.
E com o coração partido.
Como uma profissional que entendia do DPAC podia agir daquela maneira?
Se ele era irritado, era porque ele se sentia frustrado.
A minha vontade era de voltar e dar um soco na infeliz.
Denunciar para o conselho.

E o que eu fiz?
Nada, não fiz nada.
Não tinha provas. Somente um depoimento de um filho.

Até hoje tenho raiva de mim mesma por não ter feito nada.


terça-feira, 24 de novembro de 2015

Novo amigo engraçado e de camisa feia

No final do ano passado, combinei com o Gabriel de parar o beisebol.
Para conhecer novas possibilidades, novos sonhos e ter uma outra perspectiva.

Mas, no começo do ano.
Mudamos de ideia
E resolvemos ficar.

Alguns amigos do seu time tiveram que partir: Matheus, Shin e Kanta.
E com a saída deles, o Gabriel teve que sair da sua zona do conforto.
Pois, o time precisava dele.

No começo foi difícil.
Sentiu a pressão de “substituir” os amigos.
E sem o seu amigão do seu lado, parecia mais difícil esta missão.
Se sentiu perdido.

E eu disse: 
Gabriel, o seu amigão estará sempre do seu lado, toda vez que você lembrar dos seus ensinamentos.
E olhe em sua volta, veja quantos amigos tem ao seu lado.
Quantas pessoas que acreditam em você.
Se eles acreditam, porque você também não pode acreditar?

E o Gabriel foi para luta.
Pediu para o tio Milson exercícios para ficar forte.
O Sensei Jhonnie ensinou o Gabriel na sua nova posição.
O Sensei Mitsuro treinou exaustivamente o Gabriel arremessar.
E no finalzinho, o Sensei Fernando apareceu e disse: Gabriel, temos apenas 3 semanas para eu te treinar você.

E no ultimo torneio, o Gabriel deu o melhor de si.
Bateu, correu e foi uma muralha quando o corredor foi ao seu encontro.
Não trouxe nenhum troféu, mas ganhou confiança e auto estima.

E no último dia, eu perguntei:
Eu: Gabriel, hoje é o seu último jogo.
Gabriel: Como assim?
Eu: O ano que vem você mudará de time.
Gabriel: Ah, é verdade.
Eu: E você esta triste?
Gabriel: Não mãe. Eu continuarei jogando com os meus amigos: Yudi, Digo e Tiago. E eu fico feliz.

E, foi caminhando para o campo, parou, virou e disse:
"Mamãe!!! Eu tenho um novo amigo por lá, o Fernando. Ele é engraçado e tem uma camisa feia". (camisa do Corinthians)


É Fernando, você ganhou um novo amigo, agora aguenta o menino.......rs



quarta-feira, 18 de novembro de 2015

#Diversao26

As aventuras que escuta, mas não compreende

Gabriel: Eu sou São Paulino. Mas, o meu avô é corintiano.
Fernando: Ele é inteligente.
Gabriel: Na casa dele tem tudo do Corinthians, copo, prato, na churrasqueira tem um símbolo do Corinthians.
Fernando: Ai sim!
Gabriel: E você tem alguma coisa?
Fernando: Eu tenho um pano de chão do São Paulo.
Gabriel: Nossa que legal.

(minuto de silêncio)

Eu: Gabriel, acho que ter um pano de chão do São Paulo, não é uma coisa boa.
Gabriel: Não mãe? Porque?
Eu: O pano de chão é para limpar o chão, a sujeira.
Gabriel: Ah, tá..... ?!?!?!?!?

**Crianças com DPAC tem muita dificuldades em interpretar uma piada, ironia, figura de linguagem.


quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Pimenta nos olhos dos outros é refresco

O DPAC tem uma grande dificuldade no entendimento das palavras.
E assistir televisão é um destes problemas.

Confesso que não tenho paciência de ver televisão com o Gabriel.
Ele toda hora pergunta: O que ele falou? Ele disse roubou? O que tem o macaco?
Tem dias que o meu humor não esta disponível e eu digo:
Eu: Gabriel, presta a atenção. Você fica toda hora falando, e eu não consigo escutar.
Gabriel: Credo! Que falta de paciência.

Mas, quando a gente vive a dificuldade.
Entendemos a situação.

Estava em um restaurante e passava o telejornal.
Para mim o som estava horrível, e quase não entendia o que o repórter falava.

Eu: Nossa! Teve enchente em SP?
Herbert: Não, foi no sul.
Eu: O cachorro morreu?
Herbert: Não, ele salvou a todos.
Eu: O que a mulher disse?
Herbert: Presta atenção! Você fica falando e eu não consigo ouvir.

(um minuto de silêncio)

E bateu aquele remorso.
Deu uma dor no coração.
E, tive vontade de chorar.

Quando a dificuldade não é aparente, fica mais difícil você entender o próximo.